O espaço urbano-arquitetônico: sua experiência e significado a partir de uma perspectiva fenomenológica

Resumo

Qual é a natureza da vida emocional e significante produzida pelas formas arquitetônicas, e como os especialistas em desenho urbano-arquitetônico podem compreender as necessidades psicoafetivas – emoções, sensações, significados e memórias, etc. – dos futuros inquilinos de seu projeto de construção? Mediante uma revisão bibliográfica de natureza histórica e teórico-crítica, no presente trabalho foi abordado o marco teórico da arquitetura fenomenológica, segundo o qual é no contexto construído e no mundo da vida das pessoas onde se produz o significado das experiências mencionadas. Sugere-se que a experiência sensível ou fenomênica diante das obras construídas pelos arquitetos permite a eles acessar recursos cognitivos – empatia, intercorporalidade, cognição social – que podem utilizar em futuras construções e projetos habitacionais. Em obras recentemente publicadas são apresentadas alternativas epistêmicas sobre a natureza da vida emocional e subjetiva do hipotético habitante, por exemplo, nos casos da empatia (colocar-se no lugar do outro), da atração ou rejeição por determinados lugares, e da “atmosfera”, ou sensação coletiva criada por interações sociais em espaços públicos e outros. Com estes resultados ficou demonstrado que é no contexto sócio-urbano onde são interpretados os significados da arquitetura para a sua aplicação em tais projetos. Conclui-se que essa perspectiva é subsidiária do pragmatismo filosófico e semiológico, que afirma a importância do contexto habitado para compreender o significado do que os outros fazem, dizem ou sentem. Confirma-se também a necessidade de uma abordagem interdisciplinar e humanística, assente em metodologias de natureza interpretativa e fenomenológica, que dão preponderância ao conhecimento a posteriori, aquele que se obtém mediante a experiência.