Explosão social no Chile e processos patrimoniais: um paradigma para a resignificação das memórias
DOI:
https://doi.org/10.22320/07196466.2021.39.059.03Palavras-chave:
Conflito social, processos de patrimonialização, discursos, memórias, explosão social no ChileResumo
Nos últimos anos, global e localmente, assistimos a uma mudança profunda no paradigma relativo àquilo que tradicionalmente assumimos como uma manifestação do patrimônio. Em parte, esta transformação conceptual e metodológica deve-se à emergência de processos de patrimonialização, motivados por conflitos sociais que operam contra os discursos institucionalizados do patrimônio. Isto resulta em ressignificações das histórias e memórias no território, na cidade e na arquitetura, associadas a novas categorias do patrimônio que precisam de ser abordadas. Este trabalho aborda esse novo paradigma, tomando como caso de estudo a chamada "explosão social" (estallido social, em espanhol), que tem afetado o Chile desde 18 de outubro de 2019 e que continua até o os dias de hoje. Muito além de uma visão dessa “explosão” como um fenômeno destrutivo, que aponta inicialmente a aspectos de natureza sociopolítica, a presença do conflito na sociedade nacional é um indicador de uma forte crítica ao sistema de representação do patrimônio. Em sua trajetória espaço-temporal, surgem novas práticas sócio-espaciais que satisfazem as expectativas de memória das comunidades com respeito a uma realidade em transformação. O artigo pretende contribuir para o campo da arquitetura e do ambiente construído, na medida em que nos permite refletir sobre a transformação dos significados e valores dos patrimônios que emergem na realidade quotidiana das nossas cidades. Por meio de uma metodologia descritiva, baseada em documentos de imprensa recentes, são abordadas algumas situações emblemáticas do problema, manifestadas nas zonas urbanas consolidadas de La Serena, Valparaíso, Santiago, Concepción, Temuco e Punta Arenas. Nelas, as operações de patrimonialização tornam visíveis os contrastes entre os discursos do Estado e os produzidos pelas organizações sociais, a ressignificação de elementos do patrimônio tradicional e a emergência da cidade como espaço de negociação de memórias. De tudo isto, infere-se a renovação dos valores e atributos tradicionalmente atribuídos aos monumentos, seja na sua condição objetal, arquitetônica ou urbana, bem como a potencialidade do patrimônio como canal de diálogo, convívio e coesão no debate contínuo das histórias e memórias em conflito.
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