Morando na cegueira. Casas, atmosferas e paisagens perceptivas através dos olhos de alguns mestres do século XX
DOI:
https://doi.org/10.22320/07196466.2024.42.065.03Palavras-chave:
cegueira e habitar, paisagens perceptivas, Chuck Yeager, Manuel Parra-Danilo Veras, Lewerentz-AnshelmResumo
Jorge Luis Borges confessou, em mais de uma ocasião, que sua modesta cegueira não era a escuridão dramática que o senso comum acredita que fosse, mas sim um refúgio que, no seu caso, foi construído em um lento crepúsculo. No final de seu discurso para receber o título Honoris Causa da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Chile, o escritor argentino relatou a lenta despedida de sua visão e a agradável sensação de entrar em um novo espaço habitável, mais rico, mais profundo e mais criativo. Confiando na cegueira como uma paisagem introspectiva, como um espaço habitável onde a fantasia se encontra com o realismo, é nesse contexto que o ensaio propõe habitar com o pensamento um espaço doméstico leve e infinito. Outros artistas conseguiram isso - Groussac, Monet, Homer, Joyce, Herzog, Pallasmaa e Italo Calvino - transformando esse tipo de cegueira induzida em um cômodo íntimo e criativo no qual se instalaram no final de suas vidas. O professor Yeager apresenta essa história fazendo-nos subir aos céus em busca de um espaço inspirador, negro e profundo. A casa sonhada por Manuel Parra e Danilo Veras nos afasta da luz para nos descobrirmos em uma experiência sensorial única. Das mãos do mestre Lewerentz, este ensaio reunirá algumas experiências arquitetônicas com uma singular caixa escura, um ambiente asfáltico e negro: black box em Lund. Habitar na cegueira sugere uma revisão de nosso campo perceptivo, habitando com a imaginação esses lugares introspectivos nos quais as leis parecem ter desaparecido. A cegueira, como Borges afirmou naquele discurso, faz com que o corpo se junte ao espaço para sonhar com um novo habitar, mais poético e criativo (Figura 1).
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